segunda-feira, 6 de agosto de 2012 0 comentários

Roubo de cargas: Como se proteger?

Por Keli GoisO número de roubo de cargas no Brasil cresce a cada dia. Caminhoneiros seguem pelas estradas com medo e apreensivos. Entre os produtos mais procurados pelas quadrilhas especializadas em roubo de cargas estacam-se produtos de alto valor agregado como: eletroeletrônicos, componentes farmacêuticos, cigarros, alimentos, produtos metalúrgicos, autopeças e combustíveis. O motorista que faz esse tipo de transporte deve estar atento e tomar os devidos cuidados, já que sabe o perigo que o transporte da mercadoria representa para ele e para a transportadora.
Segundo o Coronel Paulo Roberto de Souza, especialista em Segurança no setor de transportes e  logística do Sindicato das Empresas de Transportes 
de Cargas de São Paulo e Região (SETCESP), os motoristas que transportam cargas caracterizadas como as mais roubadas recebem da transportadora algumas instruções e recomendações de segurança, que segundo ele, não devem ser desrespeitadas. A principal recomendação que os transportadores passam aos motoristas é que eles sigam as regras de gerenciamento de riscos como: seguir o percurso estabelecido, respeitar os pontos de parada, não dar carona para desconhecidos, não parar em lugares com muito movimento e ficar atento se está sendo seguido.
         As transportadoras também alertam o motorista em como ele deve se comportar se perceber ou desconfiar que esteja sendo seguido, pois existem alguns procedimentos que devem ser tomados nesses casos. O ideal é que o motorista pare no posto mais próximo da Polícia Rodoviária Federal e comunique que está sendo seguido, assim como avisar a empresa para qual ele está transportando a mercadoria e o mais importante, não seguir viagem enquanto existir algum risco.
De acordo com o Coronel Paulo Roberto de Souza, os motoristas que transportam esse tipo de carga são monitorados pela empresa, e tem um auxílio em situações que representem certo perigo, mas se ele não respeitar as normas de segurança, corre riscos e perde o apoio da empresa transportadora, já que ela perde o controle sobre o veículo e o motorista.
Uma pesquisa realizada pela Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística - NTC&LOGÍSTICA aponta que a maior incidência de roubo de cargas acontece em rodovias próximas aos grandes centros urbanos, como São Paulo, onde a movimentação de veículos com mercadoria é maior. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo, em 2011 o número de ocorrências registradas por roubo de carga em todo o estado foi de 6.958, que demonstra o motivo de tanta preocupação dos transportadores e motoristas.
Em relação ao local das ocorrências, 70% se passam em áreas urbanas e 30% em rodovias. Nas áreas urbanas, a maior parte dos roubos, cerca de 70% ocorre no turno da manhã, enquanto nas rodovias a incidência é maior no período da noite, sendo 60%.

COMBATE
         Os crimes de roubo de cargas possuem características diferenciadas, pois nessa área atuam diversos órgãos de polícia, que têm que trabalhar em conjunto. O trabalho da Polícia Rodoviária se concentra nas rodovias, já os outros órgãos de polícia atuam em todo o território. Com isso, os boletins são registrados pela polícia civil e através deles, a polícia rodoviária recebe os dados e entra em ação.
         Segundo o Inspetor Mardilher Ramalho Ribeiro, da Polícia Rodoviária Federal, existe um problema nos registros dos boletins de ocorrência, pois muitas vítimas de roubo de cargas são abordadas na própria saída da transportadora e não nas rodovias, como são registrados a maioria dos boletins. Diante disso, a Polícia trabalha para melhorar o atendimento no registro de ocorrências de roubos, onde deve existir um pessoal especializado para entrevistar a vítima do roubo. Com uma investigação mais aprimorada e a apresentação de estatísticas, a polícia rodoviária consegue planejar estratégias e táticas para um melhor desempenho com informações retiradas dos próprios registros de boletins de ocorrência, o que facilita o trabalho da polícia na identificação e no combate a esse tipo de crime. “Só podemos melhorar a qualidade de serviço mediante um trabalho científico”. Afirma o Inspetor.
Ainda de acordo com o Inspetor, a Polícia Rodoviária trabalha para melhorar a qualidade no serviço de investigação, a equipe está sendo treinada para melhor receber e entrevistar vítimas de roubo de cargas, para que haja melhorias no registro dos boletins de ocorrência, com informações mais completas e precisas, facilitando e aprimorando o trabalho.
Para o inspetor, os serviços devem ser integrados com inteligência, o trabalho realizado pela polícia busca, por meio do boletim de ocorrência eletrônico, retirar o máximo de dados e informações e a partir daí, montar intervenções específicas. Obter informações como o local e período em que mais acontecem esses tipos de incidentes, e assim colocar policiamento para atuar nos locais e horários indicados nos registros feitos pelos próprios caminhoneiros.
“A sociedade tem que estar ciente de que os crimes de carga notoriamente acontecem no momento de desenvolvimento da economia de um país, é evidente que há um número de infratores sobre o setor de cargas, pois a economia do país anda nas rodovias, nossa economia está concentrada em caminhões”, afirma o Inspetor.

COMO SE PROTEGER
         O comportamento e o cuidado do motorista são fatores que podem ocasionar uma oportunidade de roubo, o motorista deve sempre tomar alguns cuidados como: não estacionar em locais sem policiamento ou em locais escuros, em caso de paradas para descanso e refeições ele deve sempre parar em postos de gasolina e em bases operacionais, não dar carona para estranhos, não falar sobre o tipo de carga que está transportando, e principalmente o destino da mercadoria. Nessas horas o comportamento do motorista pode influenciar positiva ou negativamente na visão de quadrilhas especializadas em roubo de cargas, que procuram sempre a melhor maneira de agir, elaborando as melhores estratégias de cerco ao motorista.

ABORDAGENS MAIS COMUNS
         É importante que o motorista tenha conhecimento sobre como as quadrilhas costumam agir. Existem quatro formas de abordagens mais comuns nas estradas: uma das ações é quando o caminhoneiro é interceptado nas rodovias com o veículo em movimento, os bandidos disparam tiros para assustar e render o motorista, outra é quando o motorista dá carona a uma pessoa aparentemente inofensiva, mas que age em parceria com a quadrilha, o roubo acontece quando o motorista para o veículo no local indicado pela pessoa e é rendido pelo restante da quadrilha, muito comum também é abordar o motorista durante a parada para descanso e em outros casos, quando o próprio motorista está envolvido com os criminosos e simula um assalto, que na realidade ele facilitou.
O motorista deve estar atento e ciente do perigo que ele corre nas estradas, é muito importante que ele saiba como agir, para não colocar em risco sua vida. Deve manter-se calmo e não reagir de forma alguma, pois o objetivo dos assaltantes é roubar a carga, e não atentar contra a vida do motorista, é importante que ele preste atenção nos assaltantes para que a polícia consiga fazer um retrato falado, o que pode ajudar a solucionar o crime.

LEGISLAÇÃO
         De acordo com o Código Penal brasileiro, a receptação de produtos roubados é considerada um crime leve, com pena máxima de quatro anos. Por se enquadrar nos crimes com menor potencial ofensivo, de acordo com a lei nº 12.403/2011 o acusado não terá a prisão preventiva, e poderá sair sob fiança determinada pelo delegado de polícia.
O inspetor acredita que para minimizar os casos de roubo de cargas é necessário mais participação da sociedade e penas mais severas para as práticas desses crimes.
Enquanto a legislação brasileira não penalizar o receptado, ainda teremos muito roubo de carga”, Afirma o Inspetor.
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Segurança nos Fóruns paulistas é prioridade


Infelizmente, nem a existência de detector de metais, nem de guarda armada ou de circuito de câmeras de segurança teria impedido a ação suicida de uma pessoa determinada a acabar com a vida de outra, como, lamentavelmente, aconteceu no Fórum de São José dos Campos, no último dia 18. Nada justifica a perda de vidas e nós, magistrados e servidores do Judiciário, nos unimos aos familiares e à classe dos advogados pela ausência irreparável do ilustre advogado José Aparecido Ferraz Barbosa, defensor de uma das partes na audiência que se realizaria naquele local.

A atitude tresloucada do atirador, também morto, não é fatalidade que acontece somente em espaço público. Não obstante a segurança, em 1999 um estudante de Medicina abriu fogo contra a plateia no cinema de um shopping center paulistano. Em Aurora, na região metropolitana de Denver, Colorado, nos Estados Unidos, na sexta-feira 20/7, um atirador mascarado matou 12 pessoas e feriu outras 58, também num cinema, durante a exibição do novo filme do Batman. Escolas, aqui e lá, igualmente têm sido vítimas de pessoas que, com ou sem aparato de segurança, buscam e conseguem matar inocentes.

Essas observações não amenizam a necessidade dos indispensáveis aparatos de segurança nos Fóruns, onde há fluxo de pessoas em busca de solução de conflitos, advogados, magistrados e servidores. Nos prédios do Judiciário, historicamente construídos pelo Poder Executivo, as necessidades agora são bem diferentes das que existiam quando foram edificados. Houve um crescimento vertiginoso do número de processos e, consequentemente, o fluxo de frequentadores também aumentou muito e agora é bem maior até que o de algumas ruas de comércio do centro urbano. Por essa razão é que a administração atual do Judiciário começa a tomar as rédeas dessas construções. E dá prioridade à segurança de seus prédios. Mas não se pode esquecer que o poder público nada faz sem licitação, processo longo por natureza, a teor da lei de regência.

Desde que eleito presidente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, não há um dia sequer em que o assunto segurança fique fora de pauta nas metas e decisões administrativas. O investimento anterior era de R$ 25 milhões por ano. Com a contratação de guarda armada, sistema de câmeras, manutenção e conserto de detectores de metais, além de treinamento para operacionalização, esse valor passa a R$ 60 milhões/ano. Cumprindo todos os trâmites licitatórios, 39 comarcas de entrância final - o que representa 70% em número de pessoas beneficiadas, porque essas unidades são as de maior movimento - estarão com todos esses equipamentos instalados até o final de agosto. Em outubro, mais 72, agora de entrância intermediária, também estarão equipadas. As 207 outras comarcas (iniciais) terão as mesmas condições até a metade de 2013. Finalmente, vencidos os seis meses de licitação, deflagrada a partir da posse, dezenas de contratos relativos a essa área foram assinados na semana anterior a esta última.

Mas não se pode olvidar a indispensabilidade da colaboração dos advogados, os primeiros a resistir, seriamente, aos procedimentos de segurança. Por isso a nobre classe é concitada a colaborar, para sua própria segurança e de todos os que trabalham e frequentam o ambiente forense.

Não estamos parados. Neste ano, 60 mil armas foram retiradas dos Fóruns e as que agora chegam são mantidas nas sedes da Polícia Militar. As áreas de estacionamento dos prédios têm sido delimitadas. O Centro de Treinamento e Apoio aos Servidores (Cetra), criado este ano, oferece cursos aos funcionários, treinando-os para atender de forma cordial e eficiente o jurisdicionado que bate às nossas portas. Toda semana há, por meio de palestras presenciais e online, assuntos novos postos em pauta, inclusive sobre segurança.

Outra providência foi a divisão do Estado em dez Regiões Administrativas Judiciárias. Esse novo modelo objetiva melhorar a estrutura de organização judiciária, racionalizar os recursos públicos e a área da segurança. Adotaram-se medidas de padronização de procedimentos e de implantação de políticas de gestão judiciária, necessárias à manutenção do princípio da eficiência administrativa. As próprias Regiões Administrativas Judiciárias farão aquisições de materiais para as comarcas que as integram. Além da economia de recursos, advirá redução do fluxo de pessoas nos Fóruns do Estado. As Regiões Administrativas Judiciárias também terão departamentos regionais para atender matérias específicas, como execuções penais, fiscais e colégios recursais.

Somente esses fatores, no entanto, não tornam os prédios do Poder Judiciário, nos quais a população busca - e encontra - a solução de seus conflitos, completamente seguros. É indispensável a colaboração de todos. O lamentável ato suicida em São José dos Campos veio, infelizmente, poucos dias antes do término da licitação relativa à guarda patrimonial armada e à implantação do circuito de TV, providenciada já ao início da gestão atual. De todo modo, desde logo se intensificou o uso do detector de metais, das raquetes passadas junto ao corpo e das revistas de bolsas e mochilas. Resultado: nos locais de grande movimento, as filas tornaram-se inevitáveis, como ocorre nos aeroportos. Isso, por certo, acaba incompreendido.

O Poder Judiciário de São Paulo, como seus 19 milhões de processos em andamento, não esconde as suas carências estruturais e tem trabalhado - e muito - para que a justiça chegue ao cidadão de forma mais rápida e eficiente. O Judiciário, no seu todo, ainda é lento, mas muitas de suas unidades são ágeis e não se podem negar os incontáveis casos já solucionados. Olha-se o que não se faz, esquecendo-se o muito que se faz. Fatalidades existem. As medidas já implantadas e prestes a sê-lo, na certa, trarão maior segurança ao jurisdicionado, foco de todo o nosso trabalho.

* PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Fonte:O Estado de São Paulo
 
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