Poucas vezes na história a seleção alemã contou com um técnico tão querido no país como é Joachim Löw. Uma enorme competência aliada à elegância faz de Löw, que completa 50 anos no próximo dia 3 de fevereiro, o treinador ideal para o país. Para atingir esse status foram essenciais os seus conhecimentos técnicos e táticos, principal pré-requisito para comandar o selecionado germânico. No entanto, além de ser um grande estrategista, o professor se tornou um ídolo graças também ao seu carisma e charme.

Apelidado carinhosamente de "Jogi" pelos alemães, até hoje o ex-atacante é o maior artilheiro de todos os tempos do Freiburg e chegou a disputar quatro partidas pela seleção nacional sub-21. Certamente, isso é motivo para que ele seja ainda mais valorizado como treinador. Desde a época em que Jürgen Klinsmann era o técnico e Löw o seu assistente, ele já era considerado por muitos especialistas como o verdadeiro cérebro por trás da equipe. A sua meticulosidade e inclinação para planos táticos fazem dele uma autoridade inquestionável. O senso estético e o jeito charmoso de ser despertam a simpatia dos torcedores que o veem pela tevê.

A principal característica de Löw, entretanto, é a sede de vitórias. Após a Copa do Mundo da FIFA disputada no seu próprio país, ele assumiu o posto deixado por Klinsmann e deu continuidade com muito sucesso à nova filosofia alemã de futebol ofensivo. Ele sempre menciona a importância do "índice de posse de bola", referindo-se ao intervalo entre o momento que um jogador recebe e toca novamente a bola. Sob o seu comando, esse tempo foi bastante reduzido, com o que o futebol do selecionado germânico ficou consideravelmente mais rápido.

A Alemanha quer mostrar um futebol bonito e eficiente na África do Sul. A sexta colocada no Ranking Mundial da FIFA/Coca-Cola viaja cheia de ambições para a primeira Copa do Mundo da FIFA em solo africano. Confira a seguir uma entrevista exclusiva concedida pelo técnico alemão na Cidade do Cabo ao FIFA.com.

Löw, você já esteve na África do Sul em várias oportunidades para participar de eventos relacionados à Copa do Mundo da FIFA, tendo visitado, entre outras cidades, Johanesburgo e Cidade do Cabo. Quais são as suas impressões e expectativas?

A Cidade do Cabo é fascinante. Uma cidade ótima com um visual incrivelmente lindo: mar, montanhas e uma atmosfera excelente. O povo também é muito receptivo, amigável e multicultural. Johanesburgo também é extraordinária. A África do Sul 2010 será uma Copa do Mundo fantástica.

Como andam os preparativos da seleção alemã para o Mundial na África do Sul?

Tivemos de tomar muitas precauções e analisar as diferenças de condições climáticas e de altitude existentes entre as diversas sedes. Discutimos tudo amplamente e trabalhamos para entender qual será a influência desses fatores. Mas agora as coisas estão mais claras, porque sabemos quem serão os nossos adversários e onde ocorrerão as partidas.

Fazendo uma análise do desempenho da Alemanha em 2009, podemos dizer que foi um ano emocionante e que teve um "final feliz"?

Para mim, o balanço foi positivo. Ficamos em primeiro lugar no nosso grupo nas eliminatórias, não perdemos nenhuma partida e vencemos duas vezes os russos, que são adversários muito fortes. O melhor momento do ano foi a vitória contra eles na Rússia.

Então, você diria que ficou completamente satisfeito?

Também houve alguns jogos nos quais não conseguimos mostrar a nossa melhor forma. Mas é normal que a seleção não se apresente tão bem antes da fase decisiva. Em geral, a equipe jogou bem e evoluiu muito. Quando foi realmente necessário, o selecionado mostrou ter muita disciplina e qualidade. Com base nisso, posso dizer que estamos bem preparados. Temos uma grande seleção com muita experiência.

Em quais áreas a seleção alemã mais evoluiu nos últimos anos?

Tivemos um grande desenvolvimento no aspecto tático. Começamos um trabalho em 2004 juntamente com o Jürgen Klinsmann e, desde então, algumas coisas mudaram e novos rumos foram tomados. A seleção foi muito bem na Copa do Mundo de 2006. O time já era muito, muito forte! Depois disso, chegamos à final da Euro 2008 e, agora, terminamos as eliminatórias invictos. Também podemos observar uma evolução entre os jogadores mais jovens, como Lukas Podolski, Bastian Schweinsteiger, Philipp Lahm e Per Mertesacker, que, a esta altura, já disputaram 50 ou 60 partidas pela seleção. Eles ainda estão em uma boa idade para jogar futebol e têm bastante experiência. Por tudo isso, eu diria que tivemos uma grande evolução.

A Alemanha ficou na terceira colocação na última Copa do Mundo da FIFA e foi vice-campeã da última Euro. Até onde é possível chegar na África do Sul?

O objetivo da Alemanha em qualquer competição é chegar à final. Sempre pensamos dessa forma. Obviamente, outras seleções também têm o objetivo de vencer o torneio, como Brasil, Itália, França e Inglaterra. Mas estamos fortes o suficiente para chegar bem longe. Vimos isso na última Euro e vamos fazer de tudo para provar isso mais uma vez.

Vocês estão no Grupo D e jogarão contra Sérvia, Gana e Austrália. O que acha dos seus adversários?

O grupo é difícil, muito difícil. Sérvia e Gana têm jogadores muito fortes. Os australianos também são bons e estarão muito motivados para nos enfrentarem. De qualquer forma, teremos muito trabalho pela frente!