Mas o gol mais importante da carreira do centroavante foi marcado com o pé esquerdo. O gol de ouro na final da Euro 1996 contra a República Tcheca entrou para a história do futebol, dando o título europeu à Alemanha. Além disso, Bierhoff, que disputou 70 partidas pela seleção, foi escolhido o melhor jogador alemão de 1998 e, um ano depois, conquistou o título italiano pelo Milan. Façanhas como essas comprovam a grandeza do atleta nascido em Karlsruhe há 41 anos, que, como dirigente, tem mostrado ser tão eloquente quanto era perigoso como jogador.


Paralelamente à carreira nos gramados, Bierhoff realizou estudos à distância em economia. Há cinco anos ele ocupa o cargo de diretor da seleção alemã, formando uma parceria de sucesso com o técnico Joachim Löw. Bierhoff concedeu uma entrevista exclusiva ao FIFA.com para falar sobre a atmosfera e a paixão pelo futebol na África do Sul, suas expectativas em relação à Copa do Mundo da FIFA 2010 e também sobre a importância de craques de renome internacional no futebol alemão.


Bierhoff, você esteve na Copa das Confederações da FIFA 2009 há alguns dias juntamente com Joachim Löw. Quais foram as suas impressões?

Já havia ido algumas vezes para lá e é sempre muito agradável ver o entusiasmo do povo. É impressionante o quanto os sul-africanos ficam alegres com duas coisas: música e futebol. Também fiquei surpreso com a ótima organização nos estádios. Sempre havia muitos funcionários para dar informações. Certamente é uma atmosfera nova, principalmente por causa das vuvuzelas, mas é interessante.


Então, você acredita que podemos esperar um ambiente alegre e animado na África do Sul 2010?

Sem dúvida, é o que espero. Todos sabem que o futebol pode trazer grandes benefícios. A África do Sul e todo o continente africano se beneficiarão muito com o torneio. Será uma Copa do Mundo bem diferente do Mundial da Alemanha, entre outras razões, pelas condições climáticas diferentes. Mas acredito que os torcedores dos outros países estarão preparados para interagir com os sul-africanos e aceitar as condições existentes. Espero também que as semanas do torneio transcorram de forma pacífica, justamente por se tratar da Copa do Mundo.


Você mencionou as condições climáticas. Foi algo que o surpreendeu?

Não fiquei surpreso, mas consegui compreender melhor esse aspecto depois de ter estado lá e sentir as temperaturas. Antes da minha viagem anterior, eu nunca tinha ido para a África do Sul durante o inverno. Fazia muito frio em Bloemfontein. Os dias são ensolarados e o céu é azul, mas ao cair da noite fica muito frio. É possível adaptar-se a isso também, mas acredito que, para os europeus, será mais fácil do que jogar no calor do Brasil ou do Texas, por exemplo.


Normalmente, os europeus vencem as Copas do Mundo da FIFA disputadas na Europa e os sul-americanos vencem as disputadas fora da Europa. Logicamente, há exceções, por exemplo, a conquista do Brasil na Suécia em 1958. Você acha que outra exceção pode acontecer na África do Sul com a vitória de uma seleção europeia?

Acho que sim. Para nós, não será desvantagem jogar na África. Por outro lado, os melhores jogadores das outras seleções também jogam na Europa e estão acostumados a esse tipo de clima. Portanto, acho que o clima não será vantagem para nenhuma seleção de nenhum continente.


A julgar pela Copa das Confederações da FIFA 2009, você acha que teremos uma grande Copa do Mundo?

A Copa das Confederações é importante principalmente porque é uma ótima ocasião para testar a organização e o preparo do país-sede. Além disso, as seleções também têm a oportunidade de se familiarizar com o país onde disputarão o mundial. Também é importante para que o país todo se dê conta de que o mundial está se aproximando, que falta apenas um ano. Nesse sentido, a Copa das Confederações foi excelente.



Podemos dizer que a Alemanha está entre as favoritas ao título?

Acho que sim, somos um dos favoritos, já que ficamos na terceira colocação na Copa do Mundo em 2006 e fomos vice-campeões da Euro 2008. As seleções europeias desempenharão um papel muito importante. Mas também precisamos lembrar que é possível que uma seleção africana surpreenda, dependendo de quem se classificar e de quem estará em um momento melhor. O Egito se apresentou bem na Copa das Confederações. Além disso, não podemos nos esquecer das seleções tradicionais, como Argentina e Brasil, que, para mim, são as grandes favoritas.


No Grupo 4 das eliminatórias europeias, a disputa pela vaga direta está acirrada entre Alemanha e Rússia. Como estão os ânimos da seleção alemã em relação ao jogo decisivo na Rússia em outubro?

Por um lado, estamos em uma situação boa, porque somos os líderes do grupo. Por outro lado, estamos um pouco tensos, obviamente. Os russos venceram a Finlândia fora de casa, por isso já sabemos que não podemos perder em Moscou. A seleção deles é muito boa. A qualidade da Rússia também pode ser observada pelo bom rendimento que os clubes do país têm mostrado. Além disso, eles têm o Guus Hiddink, que é um técnico muito experiente. Por essas razões, vamos para o jogo em outubro com muita concentração e respeito pelo adversário. Mas chegamos à final da Euro 2008, então precisamos ter confiança em nós mesmos para buscar o resultado necessário na Rússia.


Dois atacantes da seleção alemã, Miroslav Klose e Mario Gómez, jogarão juntos no Bayern de Munique na próxima temporada. Pensando na Copa do Mundo da FIFA 2010, você acha que isso pode ser positivo para a Alemanha?

Sem dúvida pode ser uma vantagem se os dois jogarem bem juntos e estiverem em boa fase. Acho também que jogar em um clube de ponta como o Bayern será bom para a preparação do Mario para a Copa do Mundo. Ele poderá se acostumar com a pressão e jogará em nível internacional na Liga dos Campeões.


Alguns jogadores excepcionais, como Cristiano Ronaldo e Lionel Messi, são assunto em todo o mundo. A Bundesliga conta com Franck Ribéry, que também é um jogador fora de série. Você gostaria de também ter um astro como esses na seleção alemã?

(risos) Sem dúvida, eu aceitaria sem problemas que os três jogassem pela nossa seleção. Também temos alguns bons jogadores, mas realmente precisamos voltar a produzir grandes craques, como nos anos 90. Este é um dos objetivos do futebol alemão. Atualmente, o espírito de equipe tem sido o mais importante para nós. Nossos jogadores são muito bons, mas não contamos com um jogador fora de série, como os que você mencionou.