segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Roubo de carga: o perigo no caminho

A grande incidência de roubo de cargas na Baixada Santista, em setembro, revela os riscos que os caminhoneiros correm na região. Somente entre os dias 15 e 17 foram três ações em São Vicente e Cubatão envolvendo sequestro de motoristas.

Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP), até agosto deste ano foram registradas 185 ocorrências nos 24 municípios da Baixada Santista e do Vale do Ribeira abrangidos pelo Departamento de Polícia Judiciária de São Paulo Interior (Deinter 6 - Santos). A região é a segunda do Estado em número de roubos, atrás apenas de Campinas. Os pontos críticos ficam em Miracatu e Cubatão, com 41 e 30 casos registrados no período.

“A descida da Rodovia Régis Bitttencourt (BR 116) é problemática, toda a circulação de cargas para o Sul do País passa por ali. O estrangulamento na Serra do Cafezal, em Miracatu, provoca filas, muitos caminhões e carros são assaltados. Falta duplicar oito quilômetros da estrada e como é uma área ambiental, o trabalho é demorado”, aponta o coronel Paulo Roberto de Souza, assessor de segurança da Federação das Empresas de Transporte de Carga do Estado de São Paulo (Fetcesp). Pelo cronograma da Autopista Régis Bittencourt, parte das obras deve ser entregue até o final de 2015. A conclusão está prevista para fevereiro de 2017.

A 4ª Delegacia da Polícia Rodoviária Federal (PRF) reforça os problemas na região. "A única figura do Estado na Serra do Cafezal é a PRF. E apesar de recebermos apoio das polícias Militar e da Civil, é preciso um incremento da figura do poder público nesses locais. A serra é rodeada por vegetação densa e não possui sinal de telefonia celular na maior parte de sua extensão", diz, em nota, o inspetor-chefe Ricardo de Paula.

A PRF também credita o alto número de roubos na área à grande extensão territorial do município, 48% do trecho da BR 116 que passa pela circunscrição (67 km), e ao número excessivo de acidentes envolvendo caminhões.

As cargas mais visadas por quadrilhas são de eletroeletrô-nicos, computadores portáteis, smartphones, remédios e cargas dos Correios. A ação dos bandidos seria facilitada por informação privilegiada, geralmente repassada por criminosos infiltrados na transportadora ou envolvidos na logística que conheçam trajeto e carga.

Baixada Santista 


Apesar de considerar o número de ocorrências este ano “a se comemorar”, Laudino Neto, presidente da Coopersantos, uma das maiores cooperativas de caminhoneiros autônomos da Baixada Santista, com 337 associados, cita a falta de policiamento como problema.

“No Porto você só vê a Guarda Portuária. Nas rodovias, às vezes você vê uma viatura da Polícia Rodoviária só na altura do Monte Cabrão. No viaduto da Alemoa, a Rodoviária só faz blitz preventiva. O efetivo é muito pequeno”, critica.

Para ele, a Rodovia Cônego Domênico Rangoni é a que apresenta maior risco. “Falta iluminação e o sinal do GPRS cai”, reclama. Essa “área de sombra” da rodovia, onde o sinal dos rádios e rastreadores falha, também existe no Terminal de Libra, no Porto, “Talvez por excesso de antenas”.

Preventivo


O 1º Batalhão de Polícia Rodoviária (PR) do Estado, responsável pelo policiamento nas rodovias da região, garante que o trabalho preventivo no Sistema Anchieta Imigrantes tem áreas e horários estabelecidos por meio de bancos de dados informatizados.

As operações rotineiras de fiscalização para coibir roubos de cargas são feitas em três bases da Via Anchieta, em duas da Rodovia Imigrantes, num posto da Rodovia Cônego Domênico Rangoni e em outro na Rodovia Padre Manuel da Nóbrega.

O Grupo de Prevenção ao Roubo de Carga da Baixada Santista, o Pró-Carga, é o grande diferencial da região, conforme avalia o delegado titular da Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Santos, Luiz Henrique Ribeiro Artacho.

Outro ponto fundamental no combate ao roubo de carga, acredita o delegado, é a repressão à receptação.

*Fonte:Atribuna

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