segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Mitologia Germanica



Funeral de Baldr
Andrei Bressan
Óleo sobre tela, 2006

As HQs da Marvel com personagens super-heróis como “O Poderoso Thor”; as famosas fabulas infantis dos irmãos Grimm, como "Branca de neve e os sete anões"; os livros de Tolkien, como "O Senhor dos Anéis"; além da música de Wagner, e bandas de Hard Rock e Heavy Metal, e por fim a poesia de Goethe. Todos são alguns exemplos de influência da rica mitologia Germânica, com todas essas referências aos deuses, anões, gigantes, dragões, elfos e outros seres fantásticos.
No centro deste universo mitológico fica a morada dos deuses, Ásgarðr (Asgard), onde o poderoso Óðinn (Odin) tem seu grande palácio Valhöll (Valhalla),e seu trono Hliðskjalf (Hlidskialf), de onde ele pode contemplar toda a criação. Este céu dos deuses é separado da terra, Miðgarðr (Midgard), pela ponte Bifröst, o trêmulo arco-irís; o disco da terra é cercado pelo grande oceano, casa da serpente Jörmungandr, no centro está a árvore freixo do mundo, Yggdrasill, que espalha suas raízes por toda a terra, e nas praias mais distantes estão as montanhas dos gigantes, Jötunheimr, onde se situa a cidadela Útgarðr (Utgard). Sob o disco da terra está Hel, o "palácio dos mortos".
Neste universo mitológico temos a criação e o fim do mundo, a batalha dos deuses e dos gigantes, o panteão germânico, com suas duas principais categorias de deuses: os Æsir e os Vanir, porém, os deuses não são eternos; hão de morrer, como todos os demais seres, vítimas de sua própria condição; esse melancólico fim ficou conhecido através da música de Wagner como o “Crepúsculo dos deuses”, Ragnarök ("Destino dos deuses") na língua Nórdica (Old Norse).

Mitologia Nórdica ou Germânica?

Para esta atualização, preferimos o termo Mitologia Germânica em detrimento de Mitologia Nórdica, pois na Academia se utiliza basicamente o primeiro, que engloba desde os mitos dos primeiros germanos até os Vikings. Setentrional e Meridional, como estava dividido na versão anterior do Valhöll, segundo uma terminologia adotada por Marcelo Magalhães Lima em sua tradução da Edda em Prosa, é praticamente inexistente, mas na realidade não é errônea, assim como mitologia Nórdica, Escandinava e Viking, mas pela inclusão das Eddas (Islândia), Das Nibelungenlied (Alemanha), Völsungasaga (Noruega), Beowulf (Inglaterra), etc., todas no mesmo lugar, a única terminologia que une todas é Mitologia Germânica.
Inclusive, para se estudar a mitologia dos germanos do período romano, são utilizadas as fontes islandesas (nórdicas), e apesar de existir algumas diferenças, elas são contextualizadas. As línguas e alguns padrões da cultura foram se modificando com o tempo, mas o que se preservou de maneira geral foi a religião e a mitologia, antes de Cristo até a Idade Média. Por isso, a maioria dos acadêmicos que se dedicam ao estudo da mitografia, sejam dos Germanos da época romana, Vikings, ou Anglo-Saxões da época das migrações, etc., todos sempre se utilizam do termo Mitologia Germânica.

Fontes Históricas

A principal fonte da mitologia Germânica são as Eddas islandesas, a Edda Poética e a Edda em Prosa, além é claro as sagas, como por exemplo, a Völsungasaga ("A Saga dos Volsungos"), poesia da Islândia, escrita em forma de prosa na Noruega, no século XIII. A Þiðrekssaga ("A Saga de Thidrek"), de origem islandêsa, que também se conservou através de uma tradução norueguesa dos fins do século XIII. O assunto se relaciona com o do épico Das Nibelungenlied ("A Balada dos Nibelungos"), a maior epopéia alemã, e também com a lenda de Wieland (Völundr em Old Norse). Ambas embora tenham surgido nas margens do Rio Reno (Alemanha), difundiram-se rapidamente entre os povos escandinavos, encontrando suas primeiras formas escritas na Edda Poética, que assim passou a ser o veículo mais eficiente para transmiti-las às gerações posteriores.
Junto com esses documentos, deve-se incluir o poema anglo-saxão Beowulf, que apesar de toda influência do Cristianismo, faz alusão aos mitos germânicos em várias de suas passagens. As Gesta Danorum, de autoria do escritor dinamarquês Saxo Gramaticus, é um conjunto de nove livros escritos em latim, que contam a "história" da Dinamarca remotando suas origens mais remotas, baseando-se nos mitos germânicos. E ainda temos os relatos de outros povos sobre os Germanos, como a obra do historiador Romano Tacitus, chamada Germânia, e o manuscrito do Árabe Ibn Fadlan.
Todos esses documentos históricos, que nós conhecemos, foram escritos poucos séculos após o início da cristianização do norte da Europa. Há muita pesquisa tentando discernir a verdadeira antiga religião praticada pelos povos desses países. Portanto, considerando qualquer influência do Cristianismo que possa haver, a mitologia Germânica nos apresenta um mundo de variedades onde se vê semelhanças e paralelos com outras tradições mitológicas, como a relação óbvia com os mitos greco-romanos, já que em ambos os casos existe uma origem comum na antiga religião dos Indo-Europeus.


OBJETIVO


A disseminação da mitologia germânica, bastante rica e importante influência em toda a cultura ocidental, mesmo entre os povos não germânicos. Motivado pelo pouco conhecimento em língua portuguesa do assunto, devido ao escasso número de publicações existentes atualmente.
O Valhöll, tem maior abrangência na mitologia dos escandinavos, mesmo porque esta foi mais desenvolvida e conservada historicamente, como é o caso das Eddas, obras literárias sobretudo escandinavas, mas também abrange outras fontes, como as sagas de origem alemã e anglo-saxônica, e relatos históricos de origem romana (Germânia) e árabe (Manuscrito Ibn Fadlan).
O conteúdo do Valhöll é puramente acadêmico, sem maiores pretensões, não buscando aqui nenhum vínculo religioso, muito pelo contrário, o evitando. A questão religiosa é tratada apenas de uma forma informativa, e não prática. O objetivo principal é mitológico, histórico e lingüístico, afim de fornecer informações básicas para estudiosos e leigos. Ainda não considerando a tarefa totalmente acabada, há muito para ser considerado e colocado, mas por hora é o que pode ser oferecido aos estudiosos e curiosos do assunto.
NOMENCLATURA
As palavras e topônimos que compõem o universo da mitologia germânica, como nomes de personagens e lugares, são encontradas de várias formas diferentes, em diferentes traduções e textualizações, variando no tempo e no espaço. Por isso, o que é apresentado aqui são as formas do original da língua nórdica (Old Norse), como é prática na academia.
Assim serão encontradas, por exemplo, várias palavras onde são usados as letras þ (maiúscula Þ) chamada Þorn e ð (maiúscula Ð) chamada Eð, próprias do Old Norse. Em casos especiais foram colocadas as formas alternativas de escritas dessas palavras, entre parênteses, afim de facilitar a leitura devido a forma do original do Old Norse ser de difícil pronúncia.
No caso das sagas, exceto a Völsungasaga ("A Saga dos Volsungos"), foram usadas as nomenclaturas originais, e não o Old Norse, pois são lendas de origem alemã. Particularmente no épico Das Nibelungenlied ("A Balada dos Nibelungos") foram colocados, entre parênteses, os nomes em Old Norse, pois estes correspondem com os das sagas nórdicas e das Eddas, exceto em alguns nomes de personagens próprios desta saga ou topônimos, devido a geografia ser própria deste épico, neste caso particular buscou-se a textualização portuguesa quando possível.

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